Segundo a FAO (Food & Agriculture Organization) prevê-se que em 2050 a população terá um acréscimo de 9 mil milhões, sendo necessário produzir mais 60% de alimentos. Por outro lado, aproximadamente 1/3 dos alimentos que são produzidos não são consumidos. Este desperdício alimentar aumenta a emissão de gases de estufa, uma vez que corresponde a um gasto de recursos utilizados, como água e energia.
Atualmente, para serem produzidos os alimentos consumidos diariamente, por uma pessoa, são necessários cerca de 2000 a 5000 L de água.
A produção de alimentos de origem animal despende uma maior quantidade de recursos, como de água e solo, e emite mais gases de efeitos de estufa, em relação aos alimentos de origem vegetal.
Neste sentido e uma vez que os portugueses consomem mais alimentos de origem animal, é necessário repensar a nossa alimentação e torná-la mais sustentável.
Entende-se por alimentação sustentável uma alimentação que satisfaz as necessidades do presente, sem que isso comprometa o que estiver disponível para as gerações futuras. O conceito de sustentabilidade engloba a integridade ambiental, o bem-estar social, a resiliência económica e a sua boa governação.
Os alimentos da época apresentam características nutricionais e organoléticas (odor, cor, sabor) superiores. Contribuem para a promoção da economia local e para a melhoria do ambiente, uma vez que utilizam menos recursos de refrigeração e menos conservantes, e são também mais económicos.
A dieta mediterrânica parece ser uma das hipóteses mais adequadas para alterar hábitos alimentares, de modo a promover uma alimentação mais saudável e sustentável. Esta contribui para um estilo de vida equilibrado que privilegia a diversidade alimentar, incentivando a utilização de alimentos locais e sazonais, a fim de diminuir os custos energéticos, de tempo, embalagem e transporte associados à importação de alimentos.
Este tipo de alimentação apela também à moderação no consumo alimentar, reduzindo assim o desperdício de alimentos. Este padrão alimentar promove ainda o convívio à mesa e a prática regular de atividade física.
A culinária mediterrânica caracteriza-se por confeções simples e com quantidades moderadas de ingredientes, recorrendo a preparações que protegem os nutrientes, como as sopas, os cozidos, os ensopados, as caldeiradas, e reservando-se para dias especiais métodos culinários mais elaborados. Apresenta um elevado consumo de produtos vegetais, nomeadamente hortícolas, fruta, leguminosas secas e frescas, pão de qualidade e cereais pouco refinados, frutos secos e oleaginosos, em detrimento de alimentos de origem animal. Apela ao consumo frequente de pescado e baixo em carnes vermelhas, assim como à utilização de ervas aromáticas em detrimento do sal. O azeite é destacado como principal fonte de gordura.
Assim, uma dieta sustentável é nutricionalmente adequada, culturalmente aceite, acessível, segura e economicamente mais justa.
COMO CONSTRUIR UMA REFEIÇÃO SUSTENTÁVEL?
- Optar por comprar a produtores locais
- Preferir alimentos frescos, locais e da época
- Planificar antecipadamente as refeições diárias
- Fazer uma lista de compras apenas com os alimentos que serão consumidos
- Ocupar ¾ do prato com alimentos de origem vegetal
- Limitar ¼ com alimentos de origem animal
- Limitar o consumo de carne vermelha (porco, vaca, cabrito) e processada (enchidos, salsichas, hambúrgueres)
- Aumentar o consumo diário de leguminosas e utilizá-las em algumas refeições em substituição da carne, pescado ou ovos
- Diminuir a quantidade das porções colocadas no prato
- Optar por pescado nacional conforme a época
- Reaproveitar as sobras de outras refeições
- Reduzir o desperdício na preparação e confeção dos alimentos
- Preferir embalagens familiares ou produtos avulso
- Consumir em primeiro lugar os alimentos mais perecíveis
- Optar por ferver a água num jarro elétrico em vez de aquecê-la numa panela (é mais rápido e menos dispendioso)
- Reutilizar e reciclar embalagens utilizadas
- Fazer uma horta familiar ou um canteiro aromático
ALIMENTOS DA ÉPOCA – MÊS DE DEZEMBRO
PRODUTOS HORTÍCOLAS
- Abóbora
- Acelga
- Agrião
- Alface
- Batata nova
- Beldroegas
- Beterraba
- Brócolos
- Cebola
- Cenoura
- Chicória
- Couve Bruxelas
- Couve lombarda
- Couve portuguesa
- Endívias
- Espinafres
- Grelos
- Nabiças
- Nabo
- Rabanete
- Rábano
- Repolho
FRUTAS E FRUTOS OLEAGINOSOS
- Amora
- Ananás dos Açores
- Banana da Madeira
- Diospiro
- Kiwi
- Laranja
- Limão
- Maçã
- Pera
- Romã
- Tangerina
- Amêndoa
- Avelã
- Castanha
- Nozes
- Pinhão
PESCADO
- Bacalhau
- Besugo
- Carpa
- Garoupa
- Perca
- Solha
- Amêijoa
- Berbigão
- Camarão
- Mexilhão
- Percebe
Catarina Cunha, Nutricionista, CP 2278N