A Terapia Ocupacional não tem idade. Ao longo da nossa vida, participamos em ocupações que são importantes, necessárias e esperadas perante a sociedade, adequadas a cada faixa etária e à fase da vida em que estamos, com diferentes níveis de desafios e propósitos.
O nosso dia a dia é composto por um conjunto de atividades que exigem diferentes competências para a sua execução. Quando devido a alguma condição de saúde deixamos de ser capazes de participar ou não podemos realizar de forma adequada as ocupações significativas, como por exemplo: pentear o cabelo, lavar os dentes, vestir, escrever, brincar, preparar uma refeição, limpar a casa, conduzir o carro, utilizar o computador, gestão da medicação, tocar um instrumento musical, praticar um desporto, entre outras, para o Terapeuta Ocupacional é importante que estas ocupações possam voltar a ser realizadas.
O Terapeuta Ocupacional trabalha com pessoas de todas as idades, dos 0 aos 100, como tal não há uma idade recomendada para iniciar. Poderá surgir alguma limitação ou impossibilidade de participação ocupacional em bebés e crianças que tenham um diagnóstico de Atrasos de Desenvolvimento, Perturbações do Espetro do Autismo, Hiperatividade e Défice de Atenção, Paralisia Cerebral, Dificuldades Grafomotoras, Disfunções de Integração Sensorial, entre outras; ou em jovens, adultos e idosos perante diferentes situações, nomeadamente Acidentes Vasculares Encefálicos (AVC), Traumatismos, Condições Ortopédicas, Demências, Parkinson, na perda de autonomia associada ao envelhecimento, entre outras condições clínicas.
Destacando a Terapia Ocupacional com adultos/idosos, esta poderá ser iniciada perante o encaminhamento do médico, ou quando a própria pessoa ou familiares sentem a necessidade de prevenir, melhorar ou manter as capacidades motoras, sensoriais, cognitivas, de comunicação e interação, que possam limitar a participação nas atividades diárias (autocuidados, casa, trabalho e lazer).
O principal objetivo do Terapeuta Ocupacional é que cada pessoa seja capaz de desempenhar as atividades necessárias ou importantes para o dia-a-dia, independentemente da sua condição física e mental.
As sessões de Terapia Ocupacional podem ser implementadas em clínica ou em domicílio, sempre que devido a alguma condição de saúde o indivíduo tenha sido privado de desempenhar uma ou várias atividades diárias (vestir-se, lavar os dentes, tomar banho, lavar a loiça, preparar as refeições, utilizar o computador, andar de transportes públicos, etc.), nomeadamente em situações de sequelas de AVC, Esclerose Lateral Amiotrófica, Lesões Vertebro-Medulares, Paralisia Cerebral, Doença de Parkinson, Demências (por exemplo doença de Alzheimer) Artrite Reumatoide, sequelas de Fraturas, Esquizofrenia, Depressão, entre outras.
A intervenção da Terapia Ocupacional recorre sobretudo a atividades significativas com o intuito de prevenir/recuperar/manter funções. O Terapeuta Ocupacional tem como base na sua prática: o treino de atividades diárias consideradas importantes para a pessoa; a adaptação de materiais e do ambiente; orientações aos cuidadores; recurso a atividades para estimular o aumento de força, o equilíbrio, a motricidade fina, as funções cognitivas; orientar a pessoa no equilíbrio de tempo entre as várias atividades realizadas; elaboração de um plano de procura de emprego; treino de competências sociais; procura de novos interesses, entre outros.
Nas sessões de Terapia Ocupacional iniciamos com exercícios para trabalhar as competências globais ao nível motor, cognitivo e sensorial, neste caso de motricidade global, pois o utente deverá ser capaz de controlar, coordenar e ajustar os movimentos oculares com os membros superiores e inferiores; ajustar a força e direção para lançar ou dirigir a bola até ao local pretendido.
Na segunda parte da sessão são realizados exercícios para trabalhar as capacidades mais específicas, neste exemplo de motricidade fina. O utente deverá ser capaz de coordenar os movimentos de ambas as mãos em simultâneo, desempenhando funções diferentes com cada lado do corpo; percecionar a que distância estão as mãos dos objetos; colocar os dedos numa posição adequada e ajustar a força manual.
Na terceira parte da sessão é desenvolvido o treino das capacidades motoras e cognitivas ao nível funcional de atividades de vida diária. No caso demonstrado são atividades relacionadas com a preparação de alimentos, como cortar uma maçã; o calçar, como fazer o nó da sapatilha e a gestão de dinheiro, como o reconhecimento e associação das notas e moedas para pagar um gelado.
Joana Vidal, Terapeuta Ocupacional